2. Nunca quis nem vou querer ferir a integridade moral e profissional de qualquer categoria. Muito menos a dos aeronautas, grupo pelo qual sinto enorme admiração. Tenho bons amigos na classe, conheço a realidade do trabalho dos tripulantes e pilotos, sei do sofrimento de estar fora de casa - e até nisso me identifico com a classe.
3. O objetivo do artigo, que talvez tenha sido mal compreendido (mas quando algo é mal entendido por muita gente significa que não está bem escrito, não está claro) era chamar a atenção para a situação dos passageiros, cada vez mais esquecidos e tratados como números, sem a atenção devida. Gente deixada no chão, vítimas de overbooking, cancelamento de voos sem maiores motivos. Bons aeronautas, certamente, gostariam conhecer esse feedback.
4. Admito que algo não saiu como devia, afinal o artigo provocou uma raiva jamais vista nesses meus anos de coluna aqui no Terra Magazine. Prefiro pensar que errei eu ao escrever o texto, assim como gostaria que cada aeronauta que usou esse espaço para chamar-me de 'imbecil', 'idiota', 'burro', 'otário' também tivesse o discernimento de assumir que ultrapassaram o limite do bom senso. Os mais radicais me ameaçaram de forma que nunca havia visto, outros invadiram espaços de outra natureza para me agredir de todas as maneiras. Não me parece correto.
5. Peço DESCULPAS, em letras maiúsculas, para todo e qualquer aeronauta que sentiu-se ofendido pelo meu artigo. Asseguro que não foi um ato premeditado, mas a maneira de um passageiro frequente enxergar a situação do ponto de vista de um 23C ou um 17F. Errei ao chamar os tripulantes "extras" de "caroneiros". Os aeronautas utilizam os assentos vazios dos voos para formarem a tripulação na próxima escala. E outros voltam para casa depois de uma longa jornada de trabalho - direito assegurado por lei e por questões humanas.
6. Aprendi muito aqui. Entendi que há uma lei para os extras e defendo o direito dos tripulantes voltarem à casa depois das horas de trabalho. Eu também volto à casa depois de dias fora. Só não concordo com a prática - que já fui vítima - de ser deixado em terra quando havia assentos livres. Alegaram overbooking. Depois disso 18 tripulantes entraram no meu voo. Eu precisei esperar 4 horas pelo próximo voo. A culpa, provavelmente, não é dos aeronautas - que, agora soube, muitas vezes tomam assento nos aviões para que assumam um voo na próxima escala - , mas de algum sistema que deliberadamente prejudicou um passageiro e favoreceu funcionários.
7. Sugiro aos aeronautas mais exaltados que poupem os xingamentos em locais públicos. Cada um representa também sua empresa. Se dependesse apenas desse fórum jamais voltaria a viajar por TAM ou GOL, uma vez que fui ofendido por altos profissionais dessas duas companhias.
8. Prometo procurar a tripulação em meus próximos voos, caso tenha necessidade de explicações sobre o que não entendo. Assumo que utilizei um termo inadequado ao comparar os "extras" com uma praga. Os extras estão dentro de seu direito legítimo.
9. Agradeço em especial aos pilotos e comissários bem educados, que enviaram mensagens para me auxiliar a entender o caso. Muitos, inclusive, aceitaram os pontos de vista do passageiro e agradeceram pelo retorno.
10. Me coloco inteiramente à disposição para escrever algum artigo sobre o dia a dia dos aeronautas, a luta diária que muitas vezes significa trabalhar mais de 12 horas seguidas e não poder voltar para casa em 5 ou 6 dias. Ou ainda sobre as precárias condições de infraestrutura dos aeroportos brasileiros, o que acaba sendo muito ruim para aeronautas e para passageiros.
A virtude de um ser humano é reconhecer seus erros, aprender com eles. Espero que os mais exaltados também façam o mesmo.
Eduardo Tessler
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